Equipe do PRIMEIRO JORNAL

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Valci,Luciana, Ramon, Cristiane e Heron

domingo, 14 de março de 2010

Quando Hamilton passou pela Tribuna - JOLIVALDO FREITAS

RECORTADO DA TRIBUNA DA BAHIA, EM. 14.03.2010
Publicada: 10/03/2010  |  Atualizada: 09/03/2010


"Encontrei a jornalista Lúcia Correia Lima, que vem a ser uma das maiores fotógrafas do país, toda elegante de branco da cabeça aos pés, no aniversário do compositor Carlos Pita, lá na Ong de Sarajane, e depois de um olhar de cachorro pidão ela não resistiu e me deu de presente o livro “HAF na TB”.
Obra do jornalista, professor e pesquisador Luís Guilherme Pontes Tavares (Coleção Cipriano Barata – Núcleo de Estudos da História dos Impressos da Bahia), que resgata não somente o importante trabalho rea.lizado pelo profissional altamente qualificado e envolvido com as lutas sociais, mas também um pouco da imagem de uma Tribuna da Bahia em seu auge.
É um trabalho muito bem elaborado e que à primeira vista não teria tanta importância, ainda mais para a nova geração de jornalistas, que felizmente não precisaram passar pelas agruras de um período de chumbo, onde grassava a censura, o medo e os embates nas redações entre os veículos e a censura. Mas, tem importância, sim, até mesmo para quem não é do ramo, pelo anima que ainda se perpetua.
O livro de Luiz Guilherme é, por extensão à pesquisa, um daguerreótipo do período. Algo um tanto quanto esmaecido e que nos dias de hoje beira ao tom sépia que somente o tempo revela, mas presente em sua conceituação e exposição histórica. É desenhando a vida breve no contexto baiano de um dos maiores jornalistas da história do Brasil, que o autor – enpassant – traça o perfil de época.
Na essência “HAF na TB” trata o período entre 1972 e 1973 em que Hamilton Almeida Filho (morreu em 1993) esteve atuando na Tribuna da Bahia. Um jornal que tinha revolucionado o modo de fazer jornal na região e que acabava de juntar em sua redação um grupo coeso e criativo de jornalistas jovens, saídos da escola e do imaginário de Quintino de Carvalho. Um olhar diferente do fazer; ousadia conceitual e notadamente uma tomada de mercado pelo novo.
O autor toma depoimento da própria Lúcia Correia Lima, na época casada com HAF, que relembra a chegada do jornalista, vindo de São Paulo, pedindo emprego na redação. Foi recebido pelo saudoso editor Hamilton Celestino que pediu seu currículo. HAF tinha em sua bagagem três Prêmios Esso de Jornalismo (frutos de reportagens no Estadão e na Revista Realidade e n´O Bondinho). Conforme consta do livro, ao ver o curriculum, Celestino comentou com seu excelente humor: “Você não veio pedir emprego, veio para ser meu chefe...”.
HAF se integrou à equipe e ao conceito de baianidade, mas foi uma vela bujarrona imprimindo à redação uma dinâmica estonteante. Tinha seus desafetos claro, quem não os tem, mas era respeitado pela criatividade e experiência e capacidade de trabalho, o que seria classificado hoje de workaholic, mas sem a neura que o termo implica.
O livro de Luis Guilherme resgata a passagem histórica de um grande jornalista, na redação de um dos grandes jornais do país, os dois revolucionários. A Tribuna da Bahia e Hamilton Almeida Filho pareciam feitos um para o outro, pelo que se apreende do livro que Lúcia (também uma ganhadora de Prêmio Esso) me deu de presente. Um trabalho que deve constar nas melhores bibliotecas dos melhores jornalistas. Daqui e de acolá. E sempre.

Publicada: 10/03/2010 Atualizada: 09/03/2010"